Essa escuridão disfarçada de infinito me rodeou tão severamente. Me fez esquecer dos meus pés que se movem em qualquer direção, fez esquecer das mãos que te sentem, te abraçam calmamente, entorpecem a alma, esvaziam o coração. Esse coração clichê de príncipe desencantado já não caminha mais na mesma imensidão de sonhos inalcançáveis. Agora ele se move, afasta a poeira, ergue do chão. Agora ele o vê, serenamente sentado no ponto alto, imóvel e alcançável, talvez encurralado pela impiedosa curiosidade de descobrir novos horizontes. Para quem pouco de quatro paredes havia visto, esse desejo seria impossível de não persuadir. Para quem muito já havia enlouquecido, esperança ainda havia em ouvir uma voz dizendo: “tempestade passou e podemos viver livres enfim”.
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Cadeira Reservada
Andei pensando nos erros cometidos por mim. Em sentido restrito, eu cruzei os braços e esperei calmo, as luzes do seu coração se acenderem. Eu poderia ter me arriscado, mas fiquei sentado na sala do cinema, vendo créditos inúteis de um filme que já havia esgotado. Esperei. Esperei. Vendo créditos inacabados. Agora quero começar um novo filme, de temática distinta e pipoca recém preparada. Com uma placa escrito ao lado “Cadeira Reservada”. Sinta-se a vontade para assistir este filme ao meu lado, porque nessa sala, você é o único convidado. Espero que uma brisa, vinda de lugar nenhum, refresque os seus ouvidos com as palavras que sempre recito antes de dormir. “Será eterno enquanto durar, porque foi isso que decidimos. Será concreto enquanto sentir, porque é assim que a vida parece. Será meu enquanto você quiser, porque assim grandes amores acontecem.”
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Forca
E eu vou para a forca, construída com idéias minhas, sustentada por tristezas nossas, posta em praça pública, para entreter mentes maldosas, ansiosas a espera do meu fim chegar. Subo cada degrau sem ter medo de ser o último, minhas mãos roçam os pulsos que já estão cansados de se machucar. Chego ao ponto alto da plataforma. A corda morta, que grita risos ecoantes como de costume, mas que de alguma forma já não me incomodam mais os graves nem os gumes. No topo, o suor goteja das pontas dos dedos, nesse calor escaldante até o sol distante parece zombar dos caminhos feios que segui na vida, tortuosa e pensativa. Caminhos escolhidos que nunca me deram a chance de continuar vivo. Caminhos sem vida.
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Parada Cardíaca
domingo, 8 de maio de 2011
Felicidade
Parece bobagem, mas não sei falar sobre a felicidade. Sentir essa liberdade entrelaçada ao compromisso, me faz aprender as várias maneiras lindas de por um sorriso, no rosto de quem se ama. Parece bobagem, nunca ter a coragem de olhar para baixo, mesmo quando as luzes se apagam, ou a música remete sofrimentos, que já nem são mais possíveis de serem lembrados.
Sinto a barbeiragem, na chegada do nosso estado de solidão volitiva, silenciosa e convencida, que você acabara de mostrar na minha vida. Me volto para o espelho e reflito o vazio se cobrindo com raios de fática sentimentalidade, de todos os atos improváveis que acontecem mundo a fora, distorcendo a forma lógica, que os outros me ensinaram a enxergar.
Faço a bagagem, junto todas as angústias e coloco no sótão da minha mentalidade, humana e infantil de olhar para o mundo. Me admiro com a nossa miragem, misturada a realidade, mesclada a insanidade, só para me fazer confundir o que, de fato, sentimos em si. Ponho tudo que é simétrico e sistemático para fora do eixo, deixando apenas o desfecho, de viver eternamente pensando em ti.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Criatividade
Surtei!
Já revirei este quarto
Mexi nas estantes
Enfiei-me entre os livros
Vi papeis de madeira,
Em branco, logo na primeira prateleira.
.
Estiquei o chinelo, espreguicei o delgado,
Desequilibrei um momento, parei alarmado!
Fazia tempo que a procurava,
Lembrara onde a havia notado
Corri a caneta, fiz um rabisco apressado.
.
Como eu poderia ter me esquecido?
Da criatividade que me havia fugido,
estava logo atrás dos ouvidos,
na parte do cérebro que não fazia sentido.
domingo, 24 de abril de 2011
Cinzas
Das cinzas você nasceu, respirou, ergueu suas mãos brilhantes que te faziam voar, viajou pela luz, planou na via láctea e me viu naquela praia, onde te reconheci sem te notar. Fui seduzido pelo seu ar de dimensão paralela e assim caminhamos pela terra, apaixonados, tentando entender as tantas formas possíveis de se amar, tentando entender se, de fato, ainda podiam nos aceitar.
Nessa multidão de sonhos que vivemos, corri entre as cores e pude sentir o frio na barriga mesmo não havendo ar pra respirar. Mas a maior parte dessa vida, era formada apenas de pensamentos, reflexos não concretos que nos faziam delirar.
O tempo não perdoou e passou mais rápido do que podíamos prever. As idéias mal interpretadas implantaram a dúvida no Deus, que já não sabia mais de que lado se ater. Teorias fanáticas iludiram o que de santo havia em ser o que somos, e a razão a qual você sussurrou no meu ouvido, não havia sido passada ao de todos os outros.
O mar se separou de forma séptica, contaminando os que, com um olho só, ainda enxergavam a verdade por detrás dos preconceitos. Arremessaram pedras aos espelhos arranhados, reciclaram os cacos que recusavam se render e em várias etapas, os fizeram parar de pensar, na última delas, os fizeram pedir pra morrer.
Caímos na escuridão, senti a fraqueza de não poder te segurar, nem mesmo ver a luz do sol que de ti me fazia lembrar. Amputaram minhas mãos que te abraçavam, me colocaram em uma caixa, pouco menor que um palmo, depois me poliram, para estar de acordo com o que se havia exigido. Tiraram minha aparência, minha identidade, ficando apenas a agonia, de não poder esconder meu coração partido, dos autores condenados a vagar no meu mundo sem sentido.
No seu último suspiro, morri mil vezes pela alma que me estava sendo tirada, gritei para que todos os lados pudessem ouvir, o quão contrário o destino poderia ser, implorei para que o meu coração parasse... até eu ver, pela parede sem fresta, a luz do sol mais uma vez. Percebi que assim como no início da vida, os cacos de vidro queimados, tornariam cinzas, e assim você iria renascer. Respirei pela última vez, curvei a cabeça e sorri. Já não havia mais o que temer.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
You've got a friend
And you need a helping hand
And nothing, nothing is going right
Close your eyes and think of me
And soon I will be there
To brighten up even your darkest night
You just call out my name
And you know wherever I am
I'll come running to see you again
Winter, spring, summer or fall
All you've got to do is call
And I'll be there, yeah, yeah, yeah.
You've got a friend
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Respeito: passe adiante
terça-feira, 5 de abril de 2011
Coloração incerta
Deveria ter me feito dizer,
você havia percebido de fato,
meu inconsciente te notar.
.
Não juntasses as idéias, me deixasses passar,
fugindo das palavras, desviando o olhar,
talvez não houvesse nada a dizer,
mas o simples fato de te mirar,
tornou o ato estrito,
como um contrato silencioso, unilateral e consentido.
.
Por um momento, o tempo parou!
Com som de arma, chorei,
nesse acaso maldoso e sem sentido,
vindo de onde nada vê, sentindo onde nada sente.
O fez paralisar, escorrer,
aquilo que antes batia sem fim,
e agora mancha o chão sem cortesia,
fez gritar até a alma, que amedrontada, queimava e ardia.
.
Tudo fugiu, até o amanhecer,
onde o último suspiro fez ofuscar, o que de nítido havia nessa passagem.
Um raio de sol, de coloração incerta, é o que se guarda,
onde já não bate mais vida, onde já não sente mais nada.