E eu vou para a forca, construída com idéias minhas, sustentada por tristezas nossas, posta em praça pública, para entreter mentes maldosas, ansiosas a espera do meu fim chegar. Subo cada degrau sem ter medo de ser o último, minhas mãos roçam os pulsos que já estão cansados de se machucar. Chego ao ponto alto da plataforma. A corda morta, que grita risos ecoantes como de costume, mas que de alguma forma já não me incomodam mais os graves nem os gumes. No topo, o suor goteja das pontas dos dedos, nesse calor escaldante até o sol distante parece zombar dos caminhos feios que segui na vida, tortuosa e pensativa. Caminhos escolhidos que nunca me deram a chance de continuar vivo. Caminhos sem vida.